quarta-feira, 13 de maio de 2009

Como funciona a seleção

A muitos anos uma corrente de cientistas liderados pelo estudo de Charles Darwin chegou a conclusão que diferentemente das crenças religiosas estabelecidas, todo organismo é resultante de um processo evolutivo, diferente de que tudo sempre foi do jeito que é, como anteriormente era explicado, este fato cada vez mais evidente e discutido, chama-se seleção natural.
Em uma longa viagem a bordo do beagle Charles Darwin deu a volta ao mundo recolheu amostras, observou e anotou, as principais observações foram realizadas em um arquipélago que era muito diferente dos outros já conhecidos, na realidade por sua forma mutável de relevo e com grandes diferenças de ilha para ilha, cada ilha em particular começou do nada em erupções vulcânicas, e floresceu graças a espécimes introduzidas ao acaso, essas subespécies evoluíram e se especializaram seguindo diferentes caminhos, graças as diferentes exigências ambientais, é fácil observar a especialização de cada sub-espécie com diferenças sutis ou gritantes, tanto no comportamento como nas estruturas físicas.


E o q isso tem a ver com nossos cães?

Pode se reparar que o mesmo tipo de seleção acontece em nossos cães, a única diferença é a nossa intervenção como ambiente, a variabilidade genética pode ser direcionada, e cada objetivo resultará em diferentes caminhos, sejam eles bons ou ruins, é possível ver cada raça como uma variedade de sub-espécies habitando em diferentes ilhas, logicamente se houver uma pressão seletiva.


Diferenças na seleção natural e seleção artificial.
Diferentemente da seleção nos canis, e com criadores amadores, a seleção na natureza é cruel. Quem não possui as ferramentas corretas para sobrepor ou se adaptar ao ambiente enfraquece, não é competitivo, e acaba inapto a vencer obstáculos e reproduzir, a carga genética acaba ali, e as características não são passadas adiante. Já os que se enquadram nos desafios estabelecem o padrão vencedor, que se mantém enquanto não exista nenhuma mudança gritante no ambiente, o equilíbrio impera, o tipo de pressão seletiva força uma padronização de instintos e características físicas nos exemplares de mesma espécie, na natureza é muito difícil ver mudanças gritantes, e alguns exemplares não possuem quase nenhuma diferença significativa, o sucesso não dá margem para a variabilidade genética aparecer.

Apesar de raras, e ou insignificantes, as mutações aparecerem, e dificilmente vão se perpetuar e combinar a ponto de criar um novo braço evolutivo, já nas Galapagos, o ambiente era extremamente mutável de ilha para ilha, exigindo adaptações rápidas, e a consangüinidade ou endogamia provavelmente proporcionava a facilidade de reforçar novos tipos, desenvolvendo novas variedades que ficariam para marcar historia, ou ao contrario sumiriam da face da terra. É importante lembrar que nem todas as mutações são benéficas e resultam em evolução, podendo uma super capacitação ou super-tipia resultar e super especialização, aonde uma simples mudança no eco sistema seria o fim daquele braço evolutivo e por seguinte a extinção da linhagem, mas isso é outro assunto...


O homem como ambiente.
Na criação de raças nos moldes atuais, a única referencia a ser seguida é um ideal, ou um padrão, e preciso saber, e sempre repetir que sem objetivo não existe resultados. Este objetivo é o padrão, e este padrão é para ser seguido de acordo com a função, mas nem sempre isso acontece, muitas vzs a seleção segue mais um gosto pessoal, dq é realmente é desejado para a desenvolvimento ou manutenção qualificativa da raça.


Podemos lembrar o exemplo do pastor alemão, vide o caso dos irmão Martin, criadores influentes muito influentes que queriam unificar a raça em um tipo de cor, o ideal para eles era fazer um marketing absurdo no qual o pastor deveria ter a cor da bandeira da Alemanha, e os que não possuíam essa proximidade eram fora do ideal... e graças a este ideal, para nossa sorte ou azar houve uma ruptura da raça, e infelizmente se não houvesse essa divisão provavelmente a raça estaria totalmente inadequada para a função atual, não só em temperamento como em estrutura, seriam apenas bibelôs de exposições, nada contra... mas essa não é a função dessa raça.

Outra coisa que vem sendo duramente criticada e que independente da raça, é o fator que as supertipias, que apesar de não ter valor funcional nenhum vem sendo um fator determinante na degradação na saúde das mais diversas raças e linhagens.... e pior, a maneira no qual os criadores fixam as supertipia é a endogamia, que quando realizada sem maiores cuidados proporciona a degeneração geral, destruindo a saúde da linhagem.

http://www.whispawillowkennels.com/whispawillow-german-shepherds-pictures-our_dogs2.htm

http://www.youtube.com/watch?v=SRU8UdMnssU

http://www.youtube.com/watch?v=cIaM3hYFszc&NR=1


Falando de raças
Antes de falar que determinada raça é assim ou assado, devemos lembrar que padrão da raça é completamente diferente de indivíduos da raça, e isso causa uma enorme confusão na linha de raciocínio das pessoas. devemos tbm ressaltarque nem todo o criador informal, ou mesmo os criadores famosos sabem realmente ou querem selecionar oq é saudável, e na maioria das vezes levam para o lado emocional e financeiro, quando não obstante, não possuem a mínima capacidade ou informação técnica necessária para manter um padrão de qualidade no plantel. Então é absurdo generalizar uma raça apenas pelo sucesso de alguns indivíduos, o correto é falar que tipo de cão é desejado pelo padrão, e deixar claro que nem todo exemplar se encaixa em comportamento ou tipo físico.

Como selecionar um cão de função?
O primeiro quesito na maioria das funções é selecionar link e disponibilidade. Sem essa ferramenta, a realização da maioria das funções é impossível, e foi a primeira coisa que foi selecionada mesmo que sem perceber pelos nossos antepassados Os cães alfa com forte agressão hierárquica dificilmente permitiam o convívio social seguro, e não estavam qualificados a participar de nossa vida social... Até hoje são poucas as funções elaboradas que permitem tal independência, desapego e agressão contra o condutor, funções como as de guarda, caça, tração e luta podem exigir animais que se enquadram no perfil de cão dominante, com agressão hierárquica e independência... Porem sempre serão desejados limiares aceitáveis que permitam o manejo.

Seleção por função.

Existem funções mais especificas que são exigidas outras capacidades... os animais são selecionados por sua capacidade de aprendizado, concentração, equilíbrio emocional, disponibilidade, tenacidade, impetuosidade, foco, agressão social, agressão predatória, retriever, instinto de matilha, caça, rapina, posse, gula, faro, luta, matilha, impulso sexual. Esses cães, indiferentes de suas habilidades especificas devem possuir a capacidade de passar as características adiante, Isso não é fácil, não é tarefa de um só e exige um trabalho em conjunto.

O melhor lugar para selecionarmos isso é através do esporte, o esporte motiva a competição, e estimula o homem a melhorar e se superar tecnicamente na criação e no manejo, o esporte se tornou um alicerce, ou o ambiente mais propicio evolução das linhagens, seja de esportes de caça, pastoreio ou de policia como KNPV, SCH, IPO, Ring, WPO, no esporte é feito um laboratório evolutivo, seja na parte física ou comportamental, as exigências das regras são testes elaborados de seleção, aonde podemos ver todas as características desejadas para um animal realizar determinado trabalho em conjunto com o homem.


Variabilidade genética dentro das utilidades.
A qualidade exigida em cão de salvamento, pastoreio, guarda de rebanho, policia, caça, guia de cego, terapia e companhia são completamente diferentes apesar da maioria delas exigir um conjunto de impulsos e instintos em comum. O fato de uma raça possuir um ou mais indivíduos que são capazes de realizar determinadas tarefas, não tem nada a ver com a idéia de que todos os indivíduos da raça são capazes de realizar as tarefas como um todo. O que vai determinar o sucesso de uma linhagem, não é o sucesso de um individuo, e sim a pressão seletiva de todos os indivíduos usados na reprodução, formando uma linhagem ou raça, raça é apenas uma denominação feita a um seguimento ou objetivo dentro de uma espécie, tanto que é possível criar novas raças ou novos seguimentos dentro da mesma espécie. É falado que a mistura de exemplares distantes dão tendência ao aparecimento de tipos primitivos, porém não tenho informações ainda sobre este fato.


Podemos concluir que o fato de ser um Pastor Alemão ou um Labrador, não significa que ele será capaz de realizar em maestria todas as funções que a raça faz mundo a fora, e muito menos a mistura das duas vai resultar em sucesso, ou agregar as qualidades. Por outro lado apesar de ser arriscado, pode se ter por opção abrir o sangue com parentes distantes ou mesmo mixar raças, porém oq vai determinar o sucesso disso é uma analise fria do resultado da cruza, e o objetivo a ser seguido.


Diferenças genéticas e comportamentais dentro das raças de utilidade.


Alguns exemplos de seleção para a função original.


Exemplo do caçador retriever.
Disponibilidade, link (segue o líder, possui retriever e pouca posse), segurança e rusticidade e pouca sensibilidade(pouca agressão e facilidade se adaptar a ambientes estranhos), pouca disputa hierárquica ou dominância(retriever, não disputa a caça, pouca posse), nervos fortes(escuta estampido de 12 sem mudar o comportamento), e estabilidade emocional e adestrabilidade(não espanta a caça e aguarda o comando para buscar). Essas qualidades resulta em cães seguros extremamente mansos, e pouco reativos, cães calmos e ótimos com crianças, e convívio em família.. . Oq é selecionado atualmente?... nada, só uma idéia de que é um ótimo cão para a família e correr na praia, sem realmente ninguém ter idéia dq resulta ou se seleciona isso, fora que é comum vermos exemplares displasicos, pois não existe nenhuma intenção de usarmos as ferramentas de seleção ao nosso alcance como o RX.


Exemplo da seleção de ring
Disponibilidade, segurança, instinto de matilha, agilidade, resistência física, explosão, moldabilidade e flexibilidade de comportamentos, respostas rápidas a estímulos, grande capacidade de aprendizado, tenacidade, agressão, caça.
Os cães selecionados em ring geralmente são ágeis, extremamente rápidos , devem responder rapidamente a estímulos novos, e sempre apresentam incessante vontade de agir, tentando o tempo todo acertar e quebrar barreiras, geralmente cães assim são mais agitados, e devem ser bem socializados e ambientados para agüentarem os diferentes estímulos e ambientes da prova. Geralmente a grande atividade pode ser necessárias para respostas muito rápidas, essas características geralmente não são apresentadas em cães mais estáveis e seguros, com limiares mais altos de calma, Essas características são ideais para cães de serviço geral de policia, e os métodos atuais com muita comunicação e técnica,vem permitindo uma grande ascensão de cães assim no serviço de proteção civil e policia. Diferentemente do sch o Ring seleciona muito mais a capacidade de se moldar a ambientes(aprendizado) dq o equilíbrio emocional. A rotina fixa do sch cobra mais os nuances que mostram muito mais das "falhas" de temperamento.

Exemplo da seleção de rinha
Tenacidade, agressão social, foco, resistência a dor, agilidade, equilíbrio emocional, pouca agressão hierárquica, segurança, agressão postural social.
O pitbull graças a este direcionamento apresenta uma propensão natural a ser um cão de resistência e explosão, geralmente é seguro e não apresenta agressão por medo, porém a agressão social postural pode desencadear um ataque sem avisos, gerado por alguma postura de desafio, fora o risco da agressão predatória que descende dos cães de caça terrier, que geralmente e ativada por qualquer criatura que represente uma postura de caça ou fuga, a pouca agressão hierárquica e o equilíbrio emocional e foco no oponente, facilitava o manejo dos condutores na rinha, e evitam na maioria das vzs por exemplo o redirecionamento de agressão ao condutor, apesar de grande resistência a correção física ele não foi selecionado para receber pressão psicológica e não agüenta muito uma correção mal feita pelo condutor.

Rodrigo Didier

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